Me deparei com um post de Dandara Suburbana que trazia uma reflexão sobre ser desimportante, e fiquei pensando sobre isso, e como essa definição se encaixa perfeitamente com o meu eu atual.
Este foi um ano de muitas desistências, um momento na minha vida que precisei saber recuar diante do que não avança. Precisei provar para mim mesma que isso não era um desestimulo a persistência, que sempre foi algo que me acompanhou em todo o meu percurso. Mas precisei descer de alguns pedestais que me aprisionavam para ser eu mesmo, sem a lente de aumento de erros e acertos.
Não sabia nomear o que estava sentindo, só sabia que queria deixar meu eu leonina tirar umas férias e sair dos holofotes que sempre me coloco nos lugares que ocupo, esse espaço de importância, que nem mesmo existe, sempre me deu a impressão que assim teria mais cuidado em não cometer erros e equívocos, mas na verdade ninguém está prestando muita atenção, e só me faz entrar na paranoia de querer ser sempre bem vista, desenvolvendo assim a síndrome da boazinha e estar permanentemente no quadro inexistente de funcionário do mês para reafirmar minha visibilidade, ou lugar de destaque na vida das pessoas.
Mas, venho aqui apenas dizer, isso é uma armadilha da qual não quero provar mais. As pessoas, e principalmente as pessoas do mundo corporativo nos vendem um pódio que nem mesmo queremos estar e acabamos aceitando, como cargos de liderança a preço de banana e recebimento de tapinha nas costas como pagamento da nossa competência e vamos nos alimentando de falsos elogios e logo vem a sobrecarga de parecer que não é substituível.
E então uma hora, do nada, vem um estalo: isso não combina mais comigo! Isso não faz sentido com a minha versão atual. É a mudança de ciclo te cumprimentando. Esse momento em que você percebe que o que antes fazia parte de você, já não se encaixa mais. A vida é feita de ciclos, e cada um deles traz novas perspetivas, e o que realmente importa.
Venho fazendo o exercício de me sentir bem importante, para mim mesma, e entender que posso ser grande e desimportante na mesma proporção. Ser importante e livre e continuar fazendo o que sei de melhor com o alívio de saber que sou substituível e que existem pessoas que fazem bem melhor que eu.
Quero ser livre para existir com toda complexidade das encruzilhadas. Sem me justificar demasiadamente por viver, acertar e errar. Por isso escolho a liberdade de ser desimportante.
Habitar em si, também é um mistério
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que delicia, nanda <3 amei